sábado, 19 de junho de 2010

19/06/2010 - Programa sobre João de Almeida Neto


João de Almeida Neto é músico, cantor, compositor e advogado. Considerado pela crítica musical como um dos importantes intérpretes da música regional gaúcha, “A Voz do Rio Grande” é um dos artistas mais premiados em festivais nativistas.
Terceiro filho de Moacir Duarte de Almeida e Elza Pansardi de Almeida, nasceu à uma hora da madrugada do dia 23 de novembro de 1956, em Uruguaiana, município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, às margens do Rio Uruguai, limítrofe com a Argentina e o Uruguai.
Sua infância foi dividida entre a Rua Domingos de Almeida e os campos do Touro-Passo, sub-distrito de Uruguaiana, há 30 km da sede, onde a família Almeida possuía uma propriedade rural. Nesse lugar, ainda muito pequeno, teve seu primeiro contato com a música através de um peão chamado Irineu, apelido “Negro”, que tocava violão e cantava.
Na idade escolar, conforme afirma, ‘teve a sorte e o privilégio” de estudar no Instituto União e, posteriormente, na Escola Elisa Valls. A esses educandários, além da família, credita e agradece a formação do caráter. Com eles conheceu os caminhos da educação e da cultura, e os princípios morais e éticos que nunca abandonou.
No Estádio da Baixada, do Esporte Clube Uruguaiana, adquiriu o gosto pelo futebol, e nas serenatas solidificou, definitivamente, sua paixão pela música e pela poesia. É, ainda, uma forte recordação da sua adolescência as madrugadas varadas de janela em janela.
Nunca conseguiu explicar como, sendo um homem tímido e até mesmo retraído, gosta tanto de carnaval. É um folião ativo e praticante.
Formado em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, atua como advogado, especialmente na conturbada questão dos Direitos Autorais, tendo-se valido das leis, teses e argumentos, para resguardar os direitos dos artistas.
João de Almeida Neto é igual como homem e como músico. O que tem de autêntico, contestador, e sentimental sempre contaminou tanto a sua personalidade quanto seu trabalho.
É um dos grandes nomes da música gaúcha, dono de uma voz forte e de um estilo singular e autêntico de ser e de cantar
O Movimento Nativista, iniciado em 1970, com a Califórnia da Canção, em Uruguaiana, sua terra natal, foi o passo definitivo na consolidação da mudança que se instalaria na música gaúcha. Nessa época, ainda na adolescência, João já havia descoberto seu fascínio pela música. Atuava nas assembléias lítero-artísticas do Instituto União e, junto com alguns amigos, varava as madrugadas, com belas serenatas. Nos bailes, ficava perto do palco para admirar os músicos dos conjuntos.
Ouvia folclore argentino, uruguaio, Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Nelson Gonçalves, Paulinho da Viola, entre outros.
Logo se inseriu no Movimento Nativista. Embora ainda piá, quando convivia informalmente com os artistas, nas tertúlias da “Pastoril”, onde se erguia a “Cidade de Lona”. Era a nova geração de músicos assumindo postos, tomando atitudes.
João já residia em Porto Alegre e convivia muito com Luiz Felipe Delgado, também uruguaianense. Cursavam Direito, na Unisinos, mas amavam mais a poesia do que as leis. Por iniciativa do amigo, inscreveram, na Tertúlia Musical Nativista de Santa Maria, uma canção intitulada “Tropeiro Cantor”, que se sagrou vencedora.
Dias depois, realizava-se em Cruz Alta a 1ª Coxillha Musical Nativista. Inscreveu, em parceria com José Luiz Vilella, uma milonga chamada “Meu Canto”, que cantou sozinho, e impressionou o público. Depois de apresentações, naquela noite, de grandes grupos musicais, apareceu aquele rapaz solitário... Foi consagrado. Um detalhe que lhe acabou resultando em lucro foi o de que, por não saber a letra da música de cor, colou lembretes no corpo do violão e, enquanto recorria sutilmente à leitura para continuar cantando, floreava alguns bordoneios. Isso lhe rendeu a fama de bom violonista.
Tempos depois, venceu novamente a Tertúlia, com a música “Nova Trilha”, de sua autoria com Nilo Bairros de Brum. Mais tarde, com a famosa “Vozes Rurais”, teve participação marcante no Musicanto de Santa Rosa, e daí para frente firmou-se como mais um dos “grandes nativistas”.
Corriam os anos 80. Os Festivais se proliferavam pelo interior do Estado. Eram mais de sessenta por ano e João de Almeida Neto tinha participação ativa em todos eles, vencedor em inúmeros deles. Nesse circuito, fértil mercado de trabalho, profissionalizou-se.
Um acontecimento paralelo ajudou a consolidar esse quadro. Foi a abertura do “Pulperia”, bar e restaurante temático gauchesco que abrigou os apreciadores do som rural gaúcho. Local que foi um enorme sucesso, teve João de Almeida Neto como um dos grnandes músicos da casa. Fato digno de registro, porque muito lhe honrou, já que no palco da Pulperia tocou com grandes companheiros, entre os quais Cenair Maicá, Chaloy Jara, e Algacir Costa. Desde então, a história de João de Almeida Neto na música do Rio Grande se confunde com a dos nossos grandes músicos, cantores e compositores.
João viveu e vive esse Movimento Cultural como uma peça da sua engrenagem. Conforme suas palavras, “estive e estarei, sempre que chamado, em todos os palcos erguidos para que se cante a música da minha terra”.
João de Almeida Neto é um músico e orador nato. Não é à toa que é compositor e advogado, e que integrou, como assessor, a equipe do Desembargador Nelson Rassier.
Há alguns meses o cantor Nei Lisboa fez duras criticas à musica gauchesca. João de Almeida Neto foi um dos poucos que soltou o verbo contra Lisboa. Algumas frases em defesa da musica gaucha de João de Almeida Neto:
“Depois de chamar a música gaúcha de “intragável” e os músicos de “absurdamente reacionários”, Nei Lisboa, tentando achar uma explicação para a sua falta de respeito, afirma que quem reagiu aos seus insultos está “amesquinhando o tema”, “interessados em insuflar a defesa” e “dela extrair audiência e patrocínio”.
O que ele queria??? Que ouvíssemos e lêssemos suas ofensas calados???
Ele não conhece sequer uma página da história escrita pelos festivais nativistas e pelos compositores que surgiram no Rio Grande do Sul nos últimos 30 anos.
Ou será, mesmo, que ele acha reacionária a poesia socialmente engajada feita pelo Cenair Maicá, pelo Jayme Caetano Braun, pelo Aparício Silva Rillo, pelo José Hilário Retamozo, pelo Robson Barenho, pelo Sérgio Jacaré Metz, ou pelo Luiz de Miranda e pelo Luiz Coronel, pelo José Fernando Gonzales????
Acha, mesmo, intragáveis as construções harmônicas das composições do Luiz Carlos Borges, do Talo Pereyra, do Marinho Barbará, do Marco Aurélio Vasconcelos, do Sérgio Rojas??? Quando cheguei a Porto Alegre, no início da década de 80, pouco antes do que ele chamou de “boom dos festivais”, as pessoas identificadas com a cultura gaúcha eram ridicularizadas.
O movimento nativista transformou esse quadro. O que era motivo de chacota virou moda e a Capital ficou cheia de jovens usando bombacha e tomando mate pelos shoppings. Nei é uma das poucas pessoas que não se deu conta dessa mudança. Que sono profundo! Que mão embalará seu sono???? A do preconceito???? A da desinformação???? Ou a do ciúme???? “
Este é João de Almeida Neto, autor de "As Razões do Boca Braba", canção com a qual se identifica e que diz, entre seus versos, que é melhor ser boca braba, que não ter boca pra nada.
Participante fiel do Carijo da Canção Gaúcha de Palmeira das Missões o cantor fez juz a sua história musical no palco do festival, na abertura da segunda noite.
O artista, conhecido como "a voz do Rio Grande" apresentou músicas clássicas de seu repertório e emocionou a platéia que há 25 anos participa do festival e não deixou a desejar na sua apresentação no Jubileu de Prata do festival.
João de Almeida Neto tem na alma o Rio Grande do Sul. O Gaúcho se identifica na sua voz, na sua forma altiva de cantar e na importância que dá à cultura.
" Através do “Nativismo” diz João de Almeida Neto, cantamos, difundimos e mantemos nossa identidade. Somos nós mesmos. Realçamos nossas vocações e traçamos nossos destinos, livres e espontaneamente”.
 As fotos são do João de Almeida Neto

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